Por Giovana Julião, Mariana Rosa,
Jamylle Alencar, Vivian Martins e Vinícius Bonatto.
RESUMO: Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar.
Primeiras palavras: PROFESSORA-TIA:
A ARMADILHA.
Antes de iniciar as cartas
Freire apresenta o contexto em que o livro está inserido, fazendo uma releitura
das obras anteriores. Freire explica que quem ensina é também um aprendiz e que
apesar de prazerosa a atividade docente requer seriedade, preparo científico,
preparo físico, emocional e afetivo. Além de exigir ousadia, pois promove um
envolvimento emocional. Mas este envolvimento deve ser esclarecido, o autor
critica a forma comum e inocente de tratar a professora de tia, o que na
verdade esconde a ideologia da passividade, pois resistir a uma política e uma
realidade social do ensino não é para seres passíveis, amorosos e parentais
como a maioria das tias. Segundo autor ensinar é uma tarefa que envolve
militância e especificidade no seu cumprimento, portanto ser rotulada como tia
é assumir uma relação de parentesco, e a partir deste discurso constitui-se a
desvalorização, pois ser tia nunca poderia ser uma profissão. O autor não tem a
intenção de desvalorizar a tia, mas valorizar a professora, explicitando a
importância da formação política do professorado. Aparentemente o termo “tia”
carrega uma ideologia de “boas moças”, que não brigam, não resistem, não se
rebelam, não fazem greve.
Primeira carta: ENSINAR –
APRENDER LEITURA DO MUNDO – LEITURA DA PALAVRA.
Na primeira carta
intitulada “Ensinar – Aprender leitura do mundo – Leitura da palavra”, Freire
volta a afirmar que não existe ensinar sem aprender, dessa forma este movimento
demonstra a necessidade de formação permanente. O ato de estudar implica não
apenas a leitura da palavra, mas, também a leitura do mundo, assim como a
crítica a sua própria prática. Freire diz que o professor deve estar capacitado
para entrar na sala de aula, mas antes disto deve ser crítico diante do
conhecimento e ter humildade para rever os conceitos aprendidos, mantendo um
processo permanente de reflexão entre a teoria sua prática. Dessa forma o
professor não pode parar de ler o mundo em que está inserido, portanto a
leitura do mundo precede a leitura da palavra. Sendo assim para que o professor
direcione o aluno para uma leitura crítica é necessário que o mesmo seja um
modelo de leitor crítico. Este movimento fará do professor um pesquisador de
sua prática. Dessa forma cabe à escola estimular o gosto pela leitura e
escrita, pois a prática garante o sucesso.
Segunda carta: NÃO DEIXE
QUE O MEDO DO DIFÍCIL PARALISE VOCÊ.
O
medo, a dificuldade, a inteligência, o aprender a pensar e compreender. Tarefas
fáceis, do cotidiano de uma pessoa?
Como
conviver com essas questões no nosso dia a dia? Em que ocasião questionar e
enfrentar o medo na compreensão de textos?
Com
a ajuda de um colaborador, auxiliando a enfrentar o medo, a dificuldade de ler
um livro e não ter medo de treinar a inteligência ao compreender esse livro.
E
quando esse orientador também se sente despreparado e a ler um texto, sem se preocupar
em parar a leitura, ler atentamente de maneira inteligente.
Nesta segunda carta,
aprendemos a enfrentar a dificuldade e o medo de aprender, de usar de maneira
inteligente as habilidades individuais e junto das habilidades de um orientador
pensar sem medo e preconceito inteligentemente e entender textos.
Terceira carta: “VIM FAZER
O CURSO DO MAGISTÉRIO PORQUE NÃO TIVE OUTRA POSSIBILIDADE”.
A prática educativa é algo muito sério. Ao participarmos da formação de
pessoas, participamos também do seu sucesso ou fracasso. O professor deve,
portanto, ter convicção ao fazer a sua escolha, reconhecendo a dignidade e
importância de sua tarefa, a qual é indispensável à vida social. Contudo, esse
reconhecimento precisa partir também da sociedade, para que ela própria possa
esperar e exigir uma educação de qualidade. “É óbvio que problemas ligados à
educação, não são apenas problemas pedagógicos. São problemas políticos, éticos
tanto quanto os problemas financeiros”.
Quarta carta: DAS
QUALIDADES INDISPENSÁVEIS AO MELHOR DESEMPENHO DE PROFESSORAS E PROFESSORES
PROGRESSISTAS.
A primeira qualidade indispensável aos professores progressistas é a
humildade, a qual exige coragem, confiança e respeito, em relação a si próprio
e aos outros. Sem humildade dificilmente ouviremos com respeito aqueles que
consideramos demasiadamente longe de nosso nível de competência. Da mesma
forma, a amorosidade – não apenas aos alunos mas ao próprio processo de ensinar
– e a tolerância – virtude que nos ensina a conviver com o diferente – são
fundamentais.
A coragem para comandar e educar nossos medos, bem como a segurança, que
demanda competência científica, clareza política e integridade ética, também
são qualidades apontadas. Não se pode esquecer, ainda, da competência, da
capacidade de decisão, da eticidade, da alegria de viver e do equilíbrio entre
a paciência e a impaciência – a paciência sozinha pode levar à acomodação; a
impaciência, por sua vez, a um ativismo irresponsável.
Quinta
carta: PRIMEIRO DIA
DE AULA.
É natural que em seu primeiro dia de
aula, o professor sinta medo, insegurança e timidez. Para que o professor vença
todos esses obstáculos, é necessário que ele os assuma. O professor deve
atentar-se para que consiga ler e entender a classe que está diante dele,
notando as peculiaridades, realidades e histórias de cada aluno. Muitas vezes a
realidade do aluno não é a que se espera e deseja, mas o professor precisa
fazer com que eles se sintam respeitados, pois deste modo ganhará a confiança
dos educandos.
Deste modo, Freire fala que o saber
arrogante precisa ser desvencilhado. Temos que ter uma educação progressista do
conhecimento.
Para isso, destaca o papel do
professor humildade, pois , "A
humildade nos ajuda a conhecer esta coisa óbvia: ninguém sabe tudo; ninguém
ignora tudo. Todos sabemos algo; todos ignoramos algo. Sem humildade
dificilmente ouviremos com respeito a quem consideramos demasiadamente longe de
nosso nível de competência."(FREIRE, 2009, p.59).
No fim,
fica explícito a corrente pedagógica filosófica do Realismo de Vygotsky, o
ensino como processo social, da experiência construída diante da relação do
homem com seu ambiente, gerando a compreensão do conhecimento, o que consolida
uma das linhas ideológicas de Freire.
Sexta carta: DAS RELAÇÕES ENTRE A
EDUCADORA E OS EDUCANDOS.
As relações estabelecidas entre os educadores e educandos incluem a
questão da aprendizagem, do ensino, do processo do conhecer-ensinar-aprender,
da autoridade, da liberdade, da leitura, da escrita, das virtudes da educadora,
da identidade cultural dos educandos e do respeito devido a ela.
Quando
deixa de existir uma relação coerente entre o que a educadora diz e o que ela
faz, a prática educativa é um desastre, pois diante dessa contradição (entre o
fazer e o dizer) o educando tende a não acreditar no que a educadora diz,
apenas espera o próximo deslize. E como afirma Paulo Freire: “Se esta coisa que
está sendo proclamada mas, ao mesmo tempo, tão fortemente negada na prática,
fosse realmente boa, ela não seria apenas dita mas vivida” (FREIRE, 2009, p. 76).
Logo, o professor deve fazer uso do seu papel mediador sem esquecer a sua responsabilidade interventiva na construção da relação do conhecimento.
Sétima carta: DE FALAR AO
EDUCANDO A FALAR A ELE E COM ELE; DE OUVIR O EDUCANDO A SER OUVIDO POR ELE.
Nesta carta com o titulo
“De falar ao educando a falar a ele e com ele; de ouvir o educando a ser ouvido
por ele.” tem a ver com o ato político de ter voz e dar voz dentro de sala de
aula. O autor explana sobre o professor que, algumas vezes precisa, em razão da
autoridade que deve manter em sala de aula, falar aos educandos e, em outras
vezes, falar com eles para que, juntos, possam conduzir o processo de
ensino-aprendizagem. Assim, o educador que aprender a ouvir o aluno terá muito
mais chance de ser ouvido por ele, e errado estará o educador que entende ser
sempre ele a dar a palavra final sobre tudo. Essa experiência equilibrada entre
o falar ao e o falar com os educandos é essencial para a formação de cidadãos
responsáveis e críticos. Portanto essa discussão conjunta é o exercício da
cidadania.
Oitava carta: IDENTIDADE
CULTURAL E EDUCAÇÃO.
Na oitava carta intitulada
de “Identidade cultural e educação”, e como no próprio titulo desta carta,
Paulo Freire estabelece uma relação entre identidade cultural e educação, onde
neste momento ele procura frisar a necessidade de o educador conhecer a realidade
social de seus alunos porque, assim, terá uma concepção mais clara para a sua
própria identidade, em que a identidade de uma pessoa está associada à classe
social a que pertence. Além de dizer que o educador precisa respeitar os seus
alunos em sua condição social, o autor destaca que o professor não deve
colocar-se numa posição superior às dos alunos de classe social mais baixa, mas
também não deve sentir-se inferior aos alunos que pertencem à classe mais alta.
Enfatizando sempre a importância de se respeitar as diferenças e valorizar o
contexto social dos alunos, como a maneira de cada um se expressar e falar.
Nona carta: CONTEXTO
CONCRETO – CONTEXTO TEÓRICO.
Paulo freire salienta a
ideia que as relações entre a prática e o saber da prática são
indicotomizáveis. Aborda a importância da formação permanente da
educação, e a indispensável reflexão crítica sobre os condicionamentos que o
contexto cultural tem sobre os educadores, seu modo de pensar, agir, e seus
valores.
Também nesta carta
ressalta a importância de procurar sempre entrelaçar o contexto concreto e o
contexto teórico, pois é impossível ensinar conteúdos sem saber como pensam os
alunos no seu contexto real (contexto concreto), ou seja, na sua
cotidianeidade. Assim, é importante saber o que eles já sabem para, a partir
daí, ajudá-los a aprofundar os conhecimentos que já possuem bem como apresentar
a eles aquilo que ainda não sabem.
Décima carta: MAIS UMA
VER A QUESTÃO DA DISCIPLINA.
A décima carta aponta a
questão da disciplina como um princípio básico nos diversos contextos de
aprendizagem, seja no trabalho intelectual, na leitura séria de textos, na
escrita cuidada, na observação e análise de fatos e no estabelecimento de
relações entre eles.
Ao professor cabe a
construção dos saberes com seus alunos, e não transmitir conhecimento. E para
que se consiga, de fato esta construção, antes é preciso que ele se prepare,
invista numa formação sólida e abrangente, tornando-se, enfim, produtor do
conhecimento que lhe foi ensinado.
Últimas palavras: SABER E
CRESCER – TUDO A SER.
As ultimas palavras
intitulada “Saber e crescer – tudo a ver” segundo freire para saber é preciso
crescer, este saber é um processo social e individual ao mesmo tempo. Mas
para isso é preciso que o saber de minorias dominantes não proíba o crescer das
imensas minorias dominadas. Este livro de Freire leva à reflexão profunda sobre
vários temas tais como: analfabetismo, política educacional, estrutura social,
papel profissional, condição da criança e do jovem em países pobres.